Novas leis dos monumentos e património de Moçambique podem “classificar” Pancho Guedes
Pancho Guedes é o autor de centenas de edifícios de Maputo, muitos deles entretanto adulterados, destruídos ou abandonados
Lusa
Passivhaus Portugal com programa extenso na Tektónica
2024 será um ano de expansão para a Hipoges
Roca Group assegura o fornecimento de energia renovável a todas as suas operações na Europa
Convenção APEMIP | IMOCIONATE 2024 já tem data marcada
Prospectiva fiscaliza empreitadas no hospital de Vila Nova e Gaia e Espinho
Grupo IPG coloca no mercado 51 mil m2 de activos logísticos e industriais
Ordem dos Arquitectos debate cinco décadas de habitação em democracia
Pestana Hotel Group com resultado líquido superior a 100M€
‘The Nine’ em Vilamoura comercializado a 50%
‘Rethinking Organizations: as diferentes visões sobre o Futuro das Organizações no QSP SUMMIT 2024
O Governo moçambicano deve aprovar ainda este mês uma política para os monumentos e vai também legislar sobre património, disse a directora adjunta da cultura, Solange Macamo.
A responsável falava num encontro promovido pelo consulado de Portugal em Maputo sobre a obra do arquitecto Pancho Guedes, espalhada por toda a capital moçambicana, onde o arquitecto português trabalhou até à independência do país.
“Não se exclui a possibilidade de pensarmos numa classificação em série [da obra do arquiteto], pelo estilo e pelo valor patrimonial que representa”, disse Solange Macamo, acrescentando que o país só tem a ganhar com “esse tipo de obras”.
Pancho Guedes é o autor de centenas de edifícios de Maputo, muitos deles entretanto adulterados, destruídos ou abandonados.
O arquiteto foi recentemente objecto de uma grande exposição em Portugal, no Museu Berardo, que os centros culturais de Portugal, Brasil e França querem trazer a Moçambique em Abril do próximo ano.
Hoje, as várias facetas do arquitecto português, que integrou a comitiva do primeiro ministro, José Sócrates, na visita que fez em Março a Moçambique, foram lembradas pelos historiadores Alda Costa e Yusssuf Adam, que recordaram também o seu lado de colecionador, de bengalas a esculturas, de caixas de rapé a máscaras.
O pintor moçambicano Malangatana recordou também a sua infância, quando foi “adoptado” pelo arquitecto, que o incentivou a pintar e graças ao qual é hoje uma das maiores referências da pintura moçambicana.
“Só soube que era arquitecto quando me tirou do Clube de Lourenço Marques, onde era muleque de primeira classe e me convidou para ir viver para casa dele”, recordou Malangatana, para quem Pancho Guedes foi também um antropólogo, um humanista e alguém incómodo para o regime colonial português, com coragem até de conviver com Eduardo Mondlane, o inspirador do movimento de independência e criador da Frelimo, partido hoje no poder.
O escritor Luís Bernardo Honwana, outro dos amigos do arquitecto dos anos 60, lembrou também as desconfianças da então polícia política PIDE em relação a Pancho Guedes, e José Forjaz, também arquitecto, recordou “a capacidade que [ele] tinha de mobilizar as pessoas”.
“Pancho Guedes pertence-nos e devemos recuperá-lo”, disse Yussuf Adam, que instou as autoridades moçambicanas a pensar nalgum tipo de reconhecimento ao arquitecto.
Pancho Guedes nasceu em 1925, em Portugal mas veio ainda com meses para Moçambique. Terminou os estudos na África do Sul e trabalhou depois em Maputo, deixando no país 300 a 400 edifícios, dos 700 que desenhou.