André Tavares, comissário da Trienal de Arquitectura de Lisboa 2016.
“As decisões formais têm um impacto tremendo”
“Daí a questão da autoria ser decisiva. Mas não a autoria do esquisso rápido e do relâmpago de génio, mas a autoria de uma conversa”
Ana Rita Sevilha
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Sob o título “A Forma da Forma” e dirigindo-se a uma audiência nacional e internacional, a 4ª edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa arrancou a 5 de Outubro, às portas do MAAT (Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia) numa manhã de sol e sob o olhar curioso de centenas de pessoas que iam passando para descobrir o novo museu de Lisboa.
A edição deste ano começou com uma conferência de imprensa a que se seguiu a inauguração da exposição que lhe dá o tema. André Tavares conduziu a visita à exposição, lembrando Diogo Seixa Lopes (curador desta mostra) e as suas ideias precisas para a mesma.
À margem da exposição, André Tavares lembrou que a forma nunca se vê pelo mesmo prisma e destacou aquele lugar – o Pátio do Carvão, no MAAT -, como o sítio onde tudo começa. “Nesta exposição discute-se as questões de autoria e a visualidade da arquitectura”. Segundo André Tavares, as quatro exposições nucleares, bem como as exposições satélites e os projectos associados contam uma história que começa na exposição “A Forma da Forma” para depois se ir desdobrando em outros vértices.
Sobre as formas, o curador geral da Trienal de Lisboa sublinhou que não as basta fazer bonitas: “As decisões formais trazem consigo uma grande responsabilidade com um impacto enorme na industria da construção que é uma componente fundamental das nossas economias”.
No Pátio do Carvão, dentro de uma instalação que integra a própria exposição percebe-se “como a arquitectura é fortíssima em termos de construção e de espaço e como nos pode enquadrar o olhar”, neste caso encaminhando-o para o rio e a ponte 25 de Abril. “Mas também mostra a sua fragilidade no sentido em que é uma construção efémera, como é a arquitectura e como somos todos”.
No fundo, sublinha André Tavares, “não é uma exposição sobre arquitectura, é uma exposição de arquitectura, onde cada um descobrirá as suas próprias evidências” à medida que habita e experimenta o espaço.
Sobre o lado crítico da exposição, André Tavares disse ao CONSTRUIR tratar-se sobretudo de uma vontade de marcar um momento no discurso da arquitectura. “Fizemos a Trienal para todo este público que vemos com alegria entrar pela exposição, mas trouxemos também as ansiedades da arquitectura contemporânea e uma delas é o peso e a importância que a arquitectura pode ter na sociedade. Os arquitectos têm de ser ouvidos e compreendidos como autores e como pessoas responsáveis por decisões que vão ter um impacto tremendo e ser responsabilizados por isso – para o melhor e para o pior”.
“Daí a questão da autoria ser decisiva. Mas não a autoria do esquisso rápido e do relâmpago de génio, mas a autoria de uma conversa – como é esta exposição -,que é capaz de ouvir todas as dimensões, necessidades e contradições. Porque a arquitectura é muitas vezes um acto violento feito num espaço de conflito – o interesse do construtor não é o mesmo dos utilizadores, que não é o mesmo do fornecedor de material, que não é o mesmo da câmara municipal…A arquitectura não vai resolver todos os conflitos, mas pode fazer uma síntese importante”.
Em “A Forma da Forma”, que se apresenta como uma instalação, Mariana Fabrizi e Fosco Lucarelli são convidados a construir uma reflexão a partir de uma selecção de exemplos provenientes da plataforma Socks (www.socks-studio.com). A exposição apresenta-se como uma narrativa em torno de doze espaços que nascem de projectos de arquitectura de Johnston Marklee, Nuno Brandão Costa e Office KGDVS, responsáveis pelo espaço expositivo. O resultado final pretende ser um espaço de encontro capaz de demonstrar o significado da forma no passado, no presente e no futuro do desenho de arquitectura.
“A Forma da Forma” estará às portas do MAAT até 11 de Dezembro, um edifício que André Tavares disse ser “muito bem-vindo” e que “representa extremamente bem as virtudes e qualidades da visão institucional”, que nesta caso vem cumprir um papel de “animação de vanguarda e materializar a vontade de trazer uma nova dinâmica à cidade de Lisboa”.