Antevisão 2018: Construção de nova habitação deverá aumentar
“Há assim evidentes sinais da recuperação por todo o País, em preço e quantidade, mas que não pode confundir-se com o que se passa no centro das cidades de Lisboa e Porto e nalgumas zonas prime bem localizadas e que passaram a atrair milhares de pessoas”
O que nos trás o Palácio (Sinel de Cordes) em 2025
Quem disse que um edifício industrial tem de ser aborrecido e sem presença?
IP Engenharia reforça cooperação internacional com São Tomé e Príncipe
Produção do sector da Construção mantém dinâmica positiva
Saint-Gobain Portugal nomeia nova directora de compras
MaxFinance Portugal anuncia novo CEO
Exlabesa inaugura nova fabrica em Portugal
Preços das casas em Portugal subiram 10% desde o início do ano
Lisboa aprova orçamento para 2025
DeHouse assume gestão do antigo Selina Navis no Porto
Texto: Fernando Santo, administrador da Caixa Económica Montepio Geral
Desde 2015 que o número de fogos novos licenciados ultrapassa os concluídos, acentuando a recuperação da atividade imobiliária e invertendo uma tendência registada desde 2008, ano do início da crise imobiliária. Desde então, o número de fogos licenciados foi sempre inferior ao dos concluídos, com o mínimo de 7.000 em 2014, quando em 2008 foram licenciados 48.000. Também em 2017 o preço por m2 da avaliação bancária ultrapassou o mínimo registado em abril de 2011, data do pedido de resgate financeiro a Portugal.
Há assim evidentes sinais da recuperação por todo o País, em preço e quantidade, mas que não pode confundir-se com o que se passa no centro das cidades de Lisboa e Porto e nalgumas zonas prime bem localizadas e que passaram a atrair milhares de pessoas. São mercados particulares influenciados por muito investimento estrangeiro associado a operações de requalificação e reabilitação de edifícios, mas que não poderão ser extrapolados para o País. O preço dessas transações tem vindo a atingir valores cada vez mais elevados que não estão ao alcance de quem procura habitação, consequência da procura ser muito superior à oferta.
Presumo que este constrangimento e desequilíbrio irão estimular o investimento na promoção nova, com o gradual aumento da oferta nos concelhos mais próximos destas cidades. Tal é possível porque existem muitos lotes de terreno nesses municípios a preços ainda baixos, resultado da reduzida procura desde 2008, o que constitui uma oportunidade para a promoção de novos edifícios que poderão ser colocados no mercado a preços muito competitivos. Esta tendência já foi visível a partir do segundo semestre de 2017 e aumentará em 2018, dando início a um novo ciclo de construções que poderão estar concluídas a partir de 2019, o que, na minha opinião, também poderá contribuir para atenuar o crescimento dos preços nas cidades referidas.
Em resumo, estamos num momento de desequilíbrio entre a oferta e a procura de habitação, mas com características diferentes do passado, resultado de um longo período de recessão sem novas construções, a qual superou a registada na década de 80 do século passado. Em sentido contrário, a forte procura de estrangeiros por edifícios nos centros das principais cidades, seja para turismo ou para residência, permitiu elevados investimentos na sua reabilitação, como nunca tinha sucedido, e o aumento muito significativo dos preços, não comparáveis com o valor médio das avaliações bancárias no País que pouco supera os 1.100 €/m2. Presumo que os próximos anos serão no sentido do equilíbrio, mas esperando que não se cometam os erros do passado.
Nota: O CONSTRUIR manteve a grafia original do artigo