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    Angola

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    Acordo entre Portugal e Angola reconhece descontos dos trabalhadores

    Os dois países assinaram um acordo que permite aos trabalhadores de ambos ter os direitos sociais e laborais reconhecidos, nomeadamente a reforma, no fim da carreira contributiva. As estimativas apontam para que cerca de 70 mil portugueses em Angola possam estar abrangidos

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    Os dois países assinaram um acordo que permite aos trabalhadores de ambos ter os direitos sociais e laborais reconhecidos, nomeadamente a reforma, no fim da carreira contributiva. As estimativas apontam para que cerca de 70 mil portugueses em Angola possam estar abrangidos

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    A Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social de Portugal, Ana Mendes Godinho, explicou que o acordo visa “garantir que os trabalhadores portugueses que estão em Angola têm direito a transportar consigo os seus direitos de protecção social, segurança social, e o mesmo com os trabalhadores angolanos que estão em Portugal”.
    Ana Mendes Godinho participou na 15.ª reunião dos Ministros do Trabalho da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Benguela, e assinou o acordo denominado «Compromisso de Benguela» com a sua homóloga angolana, Teresa Rodrigues Dias.

    Segundo a Ministra portuguesa, o “acordo histórico vai permitir reconhecer e valorizar a protecção social dos trabalhadores, de forma a reconhecer os seus direitos, nomeadamente em termos de reforma”. Ana Mendes Godinho sublinhou que as pessoas no activo terão assim a garantia de que as suas carreiras contributivas, em Portugal ou em Angola, as acompanham ao longo da vida, “podendo depois reformar-se em Portugal com os direitos dos anos aqui (em Angola) trabalhados e também para os trabalhadores angolanos reformarem-se em Angola com o correspondente direito dos anos trabalhados em Portugal”.

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    “Temos em Portugal, neste momento, cerca de 26 mil trabalhadores angolanos a descontar activamente para a segurança social, portanto, fazem parte do sistema. Relativamente aos trabalhadores portugueses aqui em Angola, a estimativa que temos é de cerca de 70 mil pessoas que estarão potencialmente abrangidas, por se tratar de população activa a trabalhar em Angola”, disse.

    Ana Mendes Godinho salientou que estes números são apenas estimativas, mas o acordo garantirá “que muitas pessoas que hoje em dia podem não estar abrangidas, passarão a ter todo o interesse em fazer parte dos descontos aqui em Angola, porque isso será contabilizado em toda a carreira contributiva”. “Este acordo abrangerá todos os trabalhadores que descontaram para a Segurança Social, seja em Portugal seja em Angola. Todas as contribuições feitas antes de este acordo entrar em vigor serão abrangidas”, reforçou Ana Mendes Godinho, dando nota que o mesmo deverá entrar em vigor no dia 1 de Janeiro de 2024.

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    IFRRU 2020 supera 1,5 MM€ de investimento em reabilitação urbana

    Com um total acumulado de 464 contratos assinados, 226 terão uso habitacional, sendo os restantes 220 destinados a actividades económicas e 18 a equipamentos de utilização colectiva

    O Instrumento Financeiro de Reabilitação e Revitalização Urbana (IFRRU 2020) voltou, em Agosto deste ano, a atingir um número “recorde” de investimento contratado em reabilitação urbana.

    Com um total acumulado de 464 contratos assinados, o montante de investimento já atingiu os 1.511 milhões de euros para a reabilitação integral de edifícios e melhoria do seu desempenho energético, indica aquela entidade.

    Após a reabilitação, dos total de edifícios, 226 terão uso habitacional, sendo os restantes 220 destinados a actividades económicas e 18 a equipamentos de utilização colectiva abrangendo equipamentos culturais, públicos e de apoio social, bem como as residências para estudantes. Na sua maioria, 374, os projectos são promovidos por empresas e os restantes por particulares, IPSS e Câmaras Municipais.

    Já com 209 edifícios reabilitados, os projectos em execução localizam-se nas Áreas de Reabilitação Urbana, delineadas pelos respectivos municípios, garantindo-se, assim, o seu “alinhamento com a política urbana local”. Ao todo são 91 os municípios com financiamentos do IFRRU 2020.

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    Mota-Engil em consórcio para barragem no Quénia; PPP ascende a 2,7MM€

    Esta infraestrutura faz parte do plano do presidente William Ruto, no cargo desde Setembro de 2022, de construir uma centena de barragens com recurso a PPP com o objetivo de melhorar a segurança hídrica e estimular a produtividade agrícola

    A Mota-Engil integra um consórcio que está em negociações com as autoridades do Quénia para a construção de um dos maiores reservatórios de água do País, num modelo de Parceria Público-Privada.

    O agrupamento, que é liderado pela GBM Minerals Engineering Consultants, está assim a discutir com as autoridades quenianas a construção da barragem de High Grand Falls, num negócio avaliado em 2,7 mil milhões de euros. O consórcio, que inclui ainda a também britânica PJA e a empresa turca Kolin, pode assim ser responsável pela construção da barragem que terá um volume estimado de 5,6 mil milhões de metros cúbicos, suficiente para irrigar quase 162 mil hectares. Do acordo faz igualmente parte a instalação de uma central hidroelétrica com capacidade para gerar perto de 1.000 megawatts.

    A barragem de High Grand Falls vai atravessar o rio mais extenso do país (Tana) e começar a ser construída no final de 2025, com o Ministério do Ambiente a referir, num comunicado oficial citado pela agência Bloomberg, que as autoridades quenianas vão atribuir uma concessão de 30 anos para que este grupo de empresas possa “recuperar o investimento”.

    Esta infraestrutura faz parte do plano do presidente William Ruto, no cargo desde Setembro de 2022, de construir uma centena de barragens com recurso a PPP com o objetivo de melhorar a segurança hídrica e estimular a produtividade agrícola.

    Esta não seria a primeira obra da Mota-Engil no país. Em curso tem contratos na área das infra-estruturas rodoviárias, também segundo modelos de Parceria Publico-Privados, para a construção e manutenção de redes de estrada do País.

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    Perfisa lança biblioteca BIM para elementos de Light Steel Framing

    Naquela que é a “primeira Biblioteca BIM especialmente concebida para elementos de Light Steel Framing”, a empresa considera ser um passo “importante” no processo de transição digital para a fileira da construção com Aço Leve

    A Perfisa, uma “referência nacional” no fabrico e comercialização de perfis metálicos e acessórios para sistemas de construção a seco, lançou a sua Biblioteca BIM, naquela que é a “primeira Biblioteca BIM especialmente concebida para elementos de Light Steel Framing”.

    Para a empresa este é um passo “importante” no processo de transição digital para a fileira da construção com Aço Leve.

    Numa primeira fase, esta Biblioteca contempla 12 tipologias referentes a diferentes soluções produzidas pela Perfisa, sendo que oito delas são relativas a perfis de gama estrutural, duas relativas a perfis de gama não estrutural e outras duas referentes a soluções de paredes exteriores na metodologia de construção em Aço Leve.

    Os recursos-chave da Biblioteca BIM da PERFISA® incluem uma ampla biblioteca de componentes, informações detalhadas, colaboração e interoperabilidade.

    Com esta nova ferramenta, a Perfisa espera um “maior impulso” na inovação no sector da construção a seco em Portugal, permitindo, assim, que os projectos sejam concluídos de maneira mais eficiente e sustentável.

    A Perfisa nasceu em 1992 e nessa altura foi a primeira empresa portuguesa a fabricar perfis enformados a frio para o sector das divisórias e tectos falsos em placas de gesso. Em 2003, passou a ser o primeiro fabricante português de perfis estruturais enformados a frio para o sistema Light Steel Framing (LSF). Sediada em São Pedro do Sul, em Viseu, a empresa dispõe, ainda, de mais duas unidades localizadas em Albergaria-a-Velha e Lisboa.

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    Soluções Volcalis e Gyptec para o “Programa de Apoio a Edifícios mais Sustentáveis 2023”

    Está na hora de apostar no isolamento térmico e acústico que a sua casa precisa, e no conforto que você merece.

    Já está disponível o novo programa de financiamento de medidas de eficiência energética em edifícios, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), direcionado para a habitação própria permanente.

    Este Programa faz parte de um conjunto de incentivos operacionalizados pelo Fundo Ambiental, e tem o objetivo de melhorar o edificado residencial e o seu desempenho energético, tornando os edifícios mais sustentáveis e gerando múltiplos benefícios (ambientais, sociais e económicos) para o cidadão.

    Apesar de a maioria das notícias referir apenas a colocação de janelas e painéis solares, os apoios vão mais além e reembolsam também investimentos em isolamento da envolvente opaca (coberturas, paredes e pavimentos), por onde se perde grande parte da energia num edifício.

    Sendo um programa de apoio com preocupações de sustentabilidade, existe uma discriminação positiva dos materiais de base natural ou que incorporem reciclados, podendo a taxa de comparticipação atingir neste caso os 85%.

    2  Aplicação ou substituição de isolamento térmico em coberturas, paredes ou pavimentos, recorrendo a materiais de base natural (ecomateriais), que incorporem materiais reciclados ou recorrendo a outros materiais:

    Existe ainda uma majoração de 10% para edifícios fora dos distritos de Lisboa e Porto.

    Link para o aviso aqui

    É aqui que entram as Soluções do Grupo Preceram, nomeadamente com a lã mineral Volcalis e as placas de gesso Gyptec, produtos portugueses e ecológicos, ideais para implementar estas melhorias térmicas.

    Um dos documentos que justifica a elegibilidade destes produtos é o Selo de Sustentabilidade, Sustainable Value, do Portal da Construção Sustentável, rotulagem ecológica do tipo I, definida com base na norma ISO 14024, como descrito no regulamento do programa.

    Produzido à base de areia e um ligante de origem biológica, a lã mineral Volcalis é um isolamento térmico e acústico, ecológico e incombustível. Disponível em diversas gamas, é o produto ideal para as várias tipologias de aplicação, como sejam o isolamento térmico de paredes, tetos e coberturas em contato com o exterior ou com espaços não úteis.

    A placa de gesso Gyptec, produzida com mais de 50% de materiais reciclados, é utilizada em soluções construtivas com lã mineral, contribuindo para o conforto higrotérmico, acústico e de resistência ao fogo dos espaços interiores.

    Outra solução Gyptec, adequada para o reforço do isolamento térmico das paredes e coberturas, é a placa GYPCORK que incorpora uma camada de isolamento em cortiça da Amorim Cork Insulation.

    Também relevante são as certificações dos sistemas de gestão da qualidade e ambiental das várias empresas, segundo as normas ISO 9001 e ISO 14001, bem como as marcações CE dos seus produtos.

    A quem se destina?

    As pessoas singulares proprietárias que residam permanentemente em edifícios de habitação existentes, unifamiliares, ou em frações autónomas de edifícios multifamiliares licenciados para habitação até 31 de dezembro de 2006, inclusive.

    Como fazer?

    A intervenção deverá ser efetuada por empresas que devem possuir alvará, certificado, declaração ou outro documento aplicável que os habilite a proceder à intervenção em causa e estar inscritos nas plataformas existentes para as várias tipologias.

    No caso do isolamento térmico (tipologia 2): Portal “Casa Eficiente 2020” ou
    Portal casA+

    Caso o montante apoiado, seja igual ou superior a 5.000€ (cinco mil euros), o candidato tem obrigatoriamente de apresentar o certificado energético do imóvel intervencionado, antes e após execução. Existe uma comparticipação de 125 € para estes certificados

    Que soluções?

    Isolamento pelo interior das paredes com soluções de revestimento Gyptec+Volcalis,

    Isolamento da última laje com teto falso em placas de gesso Gyptec e isolamento Volcalis.

    Isolamento do pavimento de um rés do chão intervencionando o teto da garagem com uma solução de teto falso com lã mineral Volcalis.

    Saiba mais aqui.

    Isolamento da cobertura com desvão não habitável com lã mineral Volcalis. Saiba mais aqui.

    Quais são os documentos necessários?

    Relativamente ao isolamento térmico deverá cumprir as condições do Anexo I, alínea 2.

    Para além do já referido relativamente à empresa instaladora, chamamos a atenção para a importância do registo fotográfico antes e depois da intervenção.

    Os materiais deverão ter marcação CE e cumprir uma das condições que os defina como ecomaterial ou materiais reciclados para a taxa de comparticipação ser de 85%.

    Gyptec

    Fichas Técnicas e Declarações de Desempenho CE

    Certificado de Sustentabilidade PCS – ISO 14024 – Placas de Gesso

    Certificado de Sustentabilidade PCS – ISO 14024 – Placa Gypcork

    Volcalis

    Fichas Técnicas e Declarações de Desempenho CE

    Certificado de sustentabilidade PCS – ISO 14024

    Origem das matérias primas

    Como candidatar-se?

    As candidaturas são apresentadas através do preenchimento do formulário disponível nesta página, até 17:59 h do dia 31 de outubro de 2023, ou até à data em que seja previsível esgotar a dotação prevista, consoante o que ocorra primeiro.

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    Câmara de Lisboa investe 6,3M€ no novo Centro de Saúde do Parque das Nações

    Em comunicado, Carlos Moedas indiciou ainda que o investimento que está a ser realizado na freguesia do Parque das Nações, presidida por Carlos Ardisson (CDS-PP), “vai suprir a lacuna que existe na prestação de cuidados de saúde primários à população, que não dispõe hoje de uma unidade de saúde familiar no seu território”

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    A Câmara de Lisboa aprovou esta terça-feira a adjudicação da obra de construção da Unidade de Saúde Familiar do Parque das Nações, prevendo um investimento municipal de 6,3 milhões de euros, que deverá ser concretizado num prazo de 540 dias.

    “O novo equipamento, que ficará localizado na Alameda dos Oceanos, terá capacidade para servir mais de 30 mil utentes e estará dotado de meios complementares de diagnóstico e Unidade de Saúde Mental”, informou o município, em comunicado, na sequência da aprovação da proposta em reunião privada do executivo camarário.

    além da adjudicação da obra, a câmara aprovou a alteração da repartição de encargos, prevendo que a construção se inicie em 2024 e não este ano como estava inicialmente previsto.

    A vereadora com o pelouro das Obras Municipais, Filipa Roseta (PSD), explicou que o facto de a obra não começar este ano tem a ver “com motivos alheios à Câmara Municipal de Lisboa”, adiantando que aguarda o visto do Tribunal de Contas.

    Em 08 de novembro de 2022, a Assembleia Municipal de Lisboa viabilizou o investimento de 6,47 milhões de euros para a construção da Unidade de Saúde Familiar (USF) do Parque das Nações.
    Nessa altura, em representação da Câmara de Lisboa, o vereador Diogo Moura (CDS-PP) disse que o município teve de “incluir mais 30%” no orçamento previsto para a USF do Parque das Nações, assegurando que a obra vai ser feita, “após duas décadas” de promessas relativamente à construção deste equipamento de saúde.

    Em 31 de março de 2021, a Câmara Municipal de Lisboa, sob a presidência de Fernando Medina (PS), aprovou a construção da USF do Parque das Nações, no valor de 4,8 milhões de euros. No entanto, após o prazo para a apresentação de interessados na construção, o júri do procedimento da empreitada decidiu, em 30 de julho de 2021, excluir todas as propostas apresentadas, o que determinou a extinção deste processo de adjudicação.

    Em comunicado, Carlos Moedas indiciou ainda que o investimento que está a ser realizado na freguesia do Parque das Nações, presidida por Carlos Ardisson (CDS-PP), “vai suprir a lacuna que existe na prestação de cuidados de saúde primários à população, que não dispõe hoje de uma unidade de saúde familiar no seu território”.

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    Grupo Casais traz evento CREE Partner Days ao Porto

    O CREE Partner Days é um evento de networking, que junta na cidade do Porto interessados em aprender mais sobre este sistema de construção. O Grupo Casais, accionista de referência na CREE, é coorganizador deste evento que, pela primeira vez, se realiza em Portugal

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    O evento de três dias “CREE Partner Days 2023: Building Partnerships”, termina amanhã no Porto e conta com a co-organização do Grupo Casais, accionista da CREE Buildings. A empresa fundada em 2010, dedica-se à construção sustentável e saudável utilizando componentes de madeira pré-fabricados. A companhia desenvolveu o sistema CREE, que tem soluções para edifícios de madeira híbridos com vários andares. “Através do licenciamento deste sistema único, a sua rede global de parceiros constrói de forma inteligente e sustentável, partilhando conhecimentos e colaborando através da plataforma CREE”.

    O Grupo Casais tornou-se parceiro da CREE Buildings há mais de três anos e, em Fevereiro de 2023, anunciou a sua entrada na estrutura accionista, tornando-se assim accionista de referência. “Esta operação reflecte o posicionamento e ambição do Grupo em liderar a transição verde na construção”, sublinha nota de imprensa do grupo.
    O lema deste evento de três dias é construir parcerias e, por isso, é o espaço ideal para networking e troca de ideias, experiências e conhecimentos sobre este sistema de construção híbrido.

    “Apoiar a organização deste evento em Portugal é um ponto muito importante para o Grupo Casais, pois é um momento que reforça os laços e a importância de trocar ideias sobre este sistema de construção inovador, permitindo-nos mostrar porque é que a nossa aposta neste tipo de construção é tão valiosa para o sector e para a sustentabilidade do mesmo”, afirma António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais.

    O primeiro dia é marcado por uma sessão de boas-vindas, sendo que, nos restantes dias do evento haverá muitos momentos de conversa, apresentações, trocas de experiências e ainda um momento de entrega de prémios. O “The First”, em Guimarães – o primeiro edifício de construção híbrida do Grupo Casais – é também uma visita obrigatória no decurso deste evento.
    O evento conta com mais de 100 participantes, de várias nacionalidades: Espanha; Japão; Alemanha; Dinamarca; Portugal; França; Suíça; Áustria; Canadá; Bélgica; Sérvia; Itália; Luxemburgo; Reino Unido; Austrália e República Checa.

    “Esta iniciativa consistirá em três dias de partilha, inovação, discussão de perspectivas e desafios, que nos permitirão conhecer mais acerca deste conceito. A tarefa de transformar a indústria não é fácil, mas estamos unidos com a CREE Buildings no sentido de caminhar na mesma direcção, que é a da transição verde na construção, um objectivo fulcral para o nosso negócio.”, acrescenta António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo Casais.

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    “Não acredito tanto nessa falta de confiança por parte do mercado”

    Em entrevista ao CONSTRUIR, a secretária de Estado da Habitação fala do percurso de décadas percorrido até chegarmos à crise na habitação como a conhecemos hoje mas aborda, essencialmente, o caminho que importa percorrer para inverter esse cenário

    Ricardo Batista

    Quando fala dos ajustamentos necessários nas políticas de habitação desenhadas pelos municípios, que ajustamentos são esses?
    O levantamento foi feito pelos municípios em 2018. Nessa altura, identificaram um conjunto de necessidades que apontavam para um volume de 26 mil fogos, que são os que estão previstos no 1º Direito e para cumprir até 2026. A partir daí, as autarquias perceberam que, efectivamente, aquelas necessidades, em muitas situações, não eram realistas. Os seus territórios necessitam de uma maior resposta. Fizeram essa identificação e propuseram ao Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) a revisão das suas estratégias sugerindo alterações no sentido de cobrirem um maior número de necessidades. É neste sentido que estamos a trabalhar. Basta perceber que esta necessidade de 26 mil fogos, identificados em 2018, quase que triplicou neste momento. Estamos a falar de 77 mil fogos. Daí lhe dizer que o prazo temporal para a concretização destas políticas não pode ser 2026, tem de ir muito além desse prazo. Temos de pensar em políticas estruturais de médio e longo prazo. Mas temos, igualmente, de traçar medidas conjunturais que respondam de imediato às necessidades que as famílias estão a enfrentar. Isso foi o que foi feito no ‘Mais Habitação’, programa que tem já várias medidas implementadas e que estão já a chegar às famílias.

    Considerando que é necessário construir mais, reabilitar mais e conservar mais, o que tem sido feito para que, na prática, isso se veja no terreno?

    Há imensa obra no terreno. Construção nova, reabilitação. Imensa. Praticamente todos os municípios têm o seu parque municipal a ser reabilitado. Isso, em termos de volume de reabilitação, tem uma dimensão imensa. Há, por exemplo, o parque habitacional do IHRU, que ronda os 14 mil fogos, 12 mil em habitação social e perto de dois mil fogos em arrendamento acessível que está a ser reabilitado. Desde 2020, temos 24 milhões de euros de obra no terreno promovida pelo IHRU, 20 milhões já executados e estamos a trabalhar para lançar novos objectivos até final do ano. Isto espalhado por todo o território. Enquanto que uma cidade tem o seu parque municipal concentrado no seu território, o IHRU tem um parque habitacional disperso por todo o País. Claro que em determinadas zonas há uma maior concentração, noutras há uma maior dispersão. A juntar a isso, temos também os imóveis devolutos do Estado, dos quais já conseguimos identificar 1500 edifícios que são colocados numa bolsa, é avaliada a sua viabilidade e as condições de recuperação e são colocados à disposição ou das autarquias ou do próprio IHRU para que sejam realizadas as intervenções necessárias. É um trabalho longo, demorado, que envolve a Defesa, as Infraestruturas de Portugal…Por exemplo, no Entroncamento, 32 habitações que eram património da IP e que faziam parte de bairros dos ferroviários, vão dar lugar a 42 fogos. Há, por todo o País, imóveis e terrenos que vão dar lugar a centenas de habitações e que estão a ser objecto de obras. Temos, depois, o envolvimento dos privados e estamos a aguardar o enquadramento legal para podermos igualmente contar com as cooperativas. O terceiro sector está também já envolvido e os privados estão igualmente interessados em desenvolver projectos de habitação a custos controlados para colocarem no mercado. O Estado não faz nada sozinho. Não temos empresas de construção. Precisamos, sim, do envolvimento de todas as empresas da fileira da Construção, desde quem fornece os produtos e sistemas construtivos, de quem constrói, dos investidores privados que tenham interessem em vir para este ramo. Envolve toda a gente. Não pode ser só o Estado. O Estado tem o compromisso de investir em habitação pública, criar um parque habitacional que chegue, pelo menos, aos 5%. Actualmente, o panorama é muito baixo, anda nos 2%. Podemos sempre achar que não é necessariamente ambicioso. A verdade é que tivemos décadas em que pouco ou nada se fez. Precisamos de todos, do público, do privado, do cooperativo, do social. Todos.

    As metas da Nova Geração de Políticas de Habitação previam, efectivamente, atingirmos os 5% até 2024. Essa meta, ao dia de hoje, é exequível? Para atingirmos os 5% estamos a falar de qualquer coisa como 170 mil fogos…
    Em termos públicos, construir e reabilitar 170 mil fogos é, de facto, difícil. Mas também lhe digo que, neste momento, o número de famílias apoiadas pelo Estado no conjunto de programas de apoio à habitação, anda na ordem das 300 mil pessoas. Entre o apoio à renda, os jovens apoiados pelo Porta 65, o programa 65+, que vai apoiar famílias monoparentais ou famílias que perderam 20% do seu rendimento, o programa do arrendamento para subarrendamento – em que temos em bolsa perto de 400 fogos -…entre todos estes apoios ultrapassamos seguramente os 5%. Agora: termos, em 2024, 5% de parque público construído, reabilitado e habitável, é difícil. Há, no entanto, uma nota que me parece importante sublinhar a este respeito. A própria capacidade de produção do sector da Construção está condicionada. O sector da Construção foi um dos mais afectados pela crise financeira em que estivemos. Muitas empresas desapareceram, perdemos mais de 500 postos de trabalho. Não podemos negar esta evidência. O Sector sofreu muito com esta crise. As próprias escolas de engenharia civil sofreram com isso e enfrentaram uma quebra significativa de novos alunos nos cursos de Engenharia Civil. Hoje, há uma necessidade enorme de engenheiros civis que não existem no mercado. Tudo isto se reflecte na capacidade de produção do sector. Dito isto, temos de pensar em mudar os nossos modos de construção. Com certeza que teremos de passar dos métodos tradicionais, dos processos tradicionais para outro tipo de processo, muito mais offsite e que tem já expressão na Europa. Em Portugal, estamos ainda muito ligados à construção tradicional. A possibilidade de atingirmos os objectivos que traçámos passa, também, por alterações a este nível.

    O próprio contexto concursal tem, também, de ajudar a esse passo?
    Isso já está previsto. O Código da Contratação já prevê concursos de concepção-construção. Em termos concursais não há grande problema. Lançar um concurso para que uma obra seja executada através de processos construtivos ditos tradicionais ou processos construtivos diferentes não tem qualquer problema. Basta que os cadernos de encargos já estejam adaptados a essas metodologias.

    Mas nesse contexto continua a haver um peso significativo do critério preço. Isso não é, logo à cabeça, um factor dissuasor para que, de raiz, uma obra contemple estes novos processos?
    O Código o que diz é que deve ser atendida a proposta mais vantajosa. Claro que o critério do preço mais baixo é o mais transparente, é o que dá maior segurança a quem está a avaliar as propostas, mas podem ser desenhados critérios de avaliação das propostas, de majoração da avaliação das propostas que incidam sobre determinados aspectos e que favoreçam não o preço mais baixo mas outro tipo de parâmetros que caracterizem a proposta e a tornem mais vantajosa. E tudo isto tem de ser feito de forma transparente e objectiva. Nem sempre é fácil mas tem de ser feito e temos de estar munidos de todos os instrumentos para o fazer.

    O problema não está, também, na própria capacidade de quem avalia as propostas e os projectos? As autarquias, por exemplo, têm competências para isso, mas terão capacidade de resposta?
    Quando comecei a trabalhar, as autarquias, sobretudo as mais pequenas, não tinham quadros técnicos suficientes. Actualmente, os municípios já estão bem equipados em termos de técnicos e têm desenvolvido uma grande experiência ao nível da contratação publica. Além disso, podem sempre recorrer a suporte externo, com consultadoria externa que os apoiem. Não vejo que seja por aí.

    “Não havia população para tanta construção”
    Entre 2011 e 2021, foram construídos pouco mais de 110 mil edifícios para habitação enquanto na década anterior se tinha construído cinco vezes mais. Uma quebra significativa explicada, entre outros factores, pela crise…

    E não só. Pela diminuição demográfica, também. Construiu-se em exagero nessas décadas. Todos temos noção disso. Não tínhamos população para encher os edifícios. Se bem se recorda, na época da crise, havia muitos edifícios que não eram vendidos porque simplesmente não havia quem os comprasse. Não tínhamos população para tanta construção. O que provocou grande parte da pressão na habitação não foram propriamente as necessidades demográficas do País mas sim a pressão turística, a pressão da compra de imóveis por estrangeiros e os milhares que temos de população imigrante e a quem temos de dar condições de vida. Se necessitamos deles para trabalhar, temos de lhes dar condições de habitação. Temos de perceber bem as coisas e a estatística ajuda. Construía-se muito, sim, mas chegámos a uma situação complicada de falência de empresas em que os edifícios ficavam sem ninguém que os comprasse. Depois, tivemos uma inversão da população, não pelo facto de termos crescido demograficamente, mas por sermos atractivos em diversos domínios. Isso levou-nos a estas necessidades que temos hoje, a preços especulativos. O mercado de luxo não tem nem nunca teve crise e a classe média não tem capacidade para comprar imóveis de luxo a preços exorbitantes. Todas estas componentes levaram-nos a esta situação. Não nos iludamos. Esta não é uma realidade só nossa. A Europa continua a ser bastante atractiva para se trabalhar, para migrantes, para refugiados e também para outras populações, de outros Continentes. Somos um Continente com boas condições de vida, com grande atractividade para estes fluxos. Todos os Governos estão a trabalhar em medidas e estratégias para fazerem face à crise de habitação.

    Mas considerando que precisamos, de facto, de mais construção, que resposta pode ser dada e que, de certo modo, possa ser também atractiva para os privados?
    Precisamos de respostas para habitação que sejam compatíveis com as nossas famílias. Além do sector cooperativo, o sector privado é essencial e está, igualmente, interessado em construir habitação a custos controlados. Há benefícios para dar às empresas, incentivos fiscais para que as empresas venham para este mercado. E há inúmeras empresas interessadas. Todos podem fazer parte da solução e pode propor-se a fazer construção a custos controlados, certificar essa habitação no IHRU e ter os benefícios que o Estado dá – e que são bastante atractivos – para construírem. É este movimento que tem de se concretizar e que tem de chegar ao mercado. O mercado privado existirá sempre. O arrendamento acessivel é igualmente muito atractivo para os senhorios. Tem de haver por parte do Estado incentivos fiscais para que os senhorios entrem no ‘sistema’. E é fácil fazer as contas. Se eu fosse proprietária, teria todo o interesse em participar em programas como o Arrendar para Subarrendar, uma solução manifestamente segura.

    A Associação dos Promotores Imobiliários tem-se manifestado inúmeras vezes contra as soluções apresentadas e tem sido a voz dessa desconfiança, sublinhando até que os proprietários, que no seu conjunto são responsáveis por 350 mil imóveis em condições para habitar, preferem não os colocar no mercado do arrendamento…
    Confesso que não acredito tanto nessa falta de confiança por parte do mercado. Acho que as pessoas, muitas vezes, não conhecem bem as medidas que foram publicadas e os incentivos que existem. E já falámos de vários, desde o ‘Arrendar para Subarrendar’ ao ‘Arrendamento Acessível’ ou o ‘Porta 65’. Quando as pessoas se informarem bem dos benefícios que vão ter ao aderirem as estes programas, essa desconfiança vai desaparecer. Esses 350 mil fogos devolutos, temos de ver onde é que estão. Uma pessoa que esteja em Lisboa não tem grande interesse em ir para Trás-os-Montes viver. As pessoas querem viver nos sítios onde haja oportunidade de trabalhar. Estamos a tentar responder a essa retórica e acho que tem de haver uma forte comunicação, também da nossa parte, deste tipo de apoios, para que o mercado perca essa insegurança. Estes programas garantem estabilidade. São medidas que vão criar mudança nos comportamentos.

    Discussão enviesada
    Olhando para o histórico desde que foi apresentado o Mais Habitação, não há de facto muitas correntes favoráveis ao que foi apresentado. Têm sido inúmeras as críticas. Estamos a falar de uma insistência ideológica ou um problema de comunicação na forma como foram apresentadas as medidas?

    Essas são as vozes que aparecem na televisão, ou em outros fóruns, mas haverá, com certeza, pessoas que já colocaram o imóvel no mercado de arrendamento. E esses não aparecem a dizer que não são ouvidos. Há que ser ponderado no que dizemos. Relativamente à estratégia ‘Mais Habitação’, comunicada no dia 16 de Fevereiro deste ano, foi objecto de uma consulta pública, de alterações, com uma participação nunca antes vista. Mais de duas mil propostas que chegaram ao Ministério e que nós analisámos e que levou a uma redacção muito diferente da que foi apresentada em Fevereiro. A partir dessa data, enviesou-se muito a discussão, que se focou essencialmente em três pontos: no Alojamento Local, no arrendamento coercivo e nos vistos Gold. A partir daí, ninguém mais se preocupou em evidenciar os aspectos positivos desta política. O diploma, além da consulta pública e das milhares de propostas recebidas, que evidenciam uma participação massiva de todos os sectores, ainda esteve no Parlamento e foi discutida por todos os grupos parlamentares. Há, evidentemente, propostas que agradam mais a uns que a outros. Muito do que foi apresentado inicialmente acabou por sofrer alterações, mas continua-se a querer destruir ou, pelo menos, a não deixar implementar as medidas que foram traçadas e isso parece-me muito pouco positivo. Precisamos de implementar medidas estratégicas que garantam que as pessoas conseguem aceder a habitação de acordo com as suas possibilidades. A casa é a base da nossa vida, é a base para uma criança crescer, estar em pé de igualdade na escola, é ter uma habitação que tenha as condições mínimas de conforto e habitabilidade. O que estamos a construir e reabilitar são habitações de muita qualidade.

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    “Os municípios estão cientes desta necessidade e estão empenhados em concretizar, no terreno, as suas estratégias locais”

    A secretaria de Estado da Habitação reconhece a árdua tarefa que existe pela frente na resposta à crise da habitação, mas lamenta que muita da discussão tenha disso enviesada desde que foi apresentado o ‘Mais Habitação’. Maria Fernanda Rodrigues garante que muito está a ser feito para dissipar dúvidas e trazer a confiança necessária ao… Continue reading “Os municípios estão cientes desta necessidade e estão empenhados em concretizar, no terreno, as suas estratégias locais”

    Ricardo Batista

    A secretaria de Estado da Habitação reconhece a árdua tarefa que existe pela frente na resposta à crise da habitação, mas lamenta que muita da discussão tenha disso enviesada desde que foi apresentado o ‘Mais Habitação’. Maria Fernanda Rodrigues garante que muito está a ser feito para dissipar dúvidas e trazer a confiança necessária ao envolvimento de todos.

    Estamos perante uma crise de habitação, um problema grave e que, pela emergência de resultados, carece de medidas de fundo. Fica claro que, enquanto sociedade, ficámos durante muitos anos alheados do problema. Há margem das suas responsabilidades governativas, mas enquanto conhecedora de todo este universo, como chegámos a este ponto em que se exigem respostas imediatas à conta de décadas de inacção?
    O problema da habitação e a crise da habitação não são novos. Ao longo das várias décadas que nos antecederam, esta crise foi sendo sentida e foram tentadas várias medidas. Há, inclusive, um antes e um pós-25 de Abril. Logo no período pós-revolução, em 74, houve uma grande preocupação com a carência da habitação e a indignidade que existia com as condições de habitação do País. Foi criada, por ocasião do primeiro Governo provisório, a primeira secretaria de estado da habitação e urbanismo, liderada pelo arquitecto Nuno Portas. Mesmo que não possamos chamar-lhes políticas de habitação, foram, pelo menos, programas que tentaram colmatar as necessidades e as carências que existiam à época. Lembro o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), o Programa de Erradicação de Barracas (PER) – que tinha um objectivo muito específico em Lisboa e Porto – ou outras medidas mais incisivas que envolviam as autarquias por todo o País e que incentivavam a construção de habitação social, sempre com uma vocação para os mais pobres, desfavorecidos, os mais necessitados. Falamos, em grande parte, de medidas focadas na renda apoiada e construção nova. Com a viragem do século, assistimos a um novo paradigma. Até aí, as taxas de reabilitação eram muito marginais se comparadas com a generalidade da Europa. Se olharmos para os números, enquanto a Europa já estava com taxas de reabilitação do edificado em torno dos 16%, em Portugal rondava menos de 10%. Nessa altura, começaram a aparecer programas como o ‘Reabilitar para Arrendar’, o ‘Prohabita’, vários conjuntos de medidas dedicadas à reabilitação do parque público e dos centros históricos. Mas, no meio disto tudo, foi-se consolidando a ideia de que não precisávamos de construir mais parque público de habitação. Os próprios valores das taxas de juro empurravam as pessoas para a compra de casa própria. Desacelerou-se, completamente, a construção e oferta de habitação pública, não apenas para os mais carenciados como também para a classe média. Isso é o que observamos em Países com taxas de habitação pública muito superiores, como é o caso dos Países Baixos, que apresentam uma taxa na ordem dos 42%…nós temos 2% a nível nacional. Lisboa tem 12%, o Porto com 14%…a disparidade é grande. Está claro que falhou uma política continuada de habitação, pensando-se que efectivamente o problema se resolveria apenas com a actividade privada, com o investimento privado, com o mercado privado. O Estado abandonou esses investimentos. Chegados a 2015, o XXI Governo assumiu como prioridade a resolução das questões da habitação. A crise vinha ganhando forma não apenas em Portugal como na Europa. Foi então que surgiu a Nova Geração de Políticas de Habitação. Em 2023, aparece o Programa Nacional da Habitação, onde desenhámos um conjunto de estratégias, assentes na resolução estrutural dos problemas. Para os resolver temos efectivamente de construir mais e reabilitar aquilo que temos. É imperativo.

    Foram, efectivamente, muitos anos de desresponsabilização pública do que estava consagrado na Lei de Bases da Habitação e da própria Constituição…
    Até 2002, o investimento na construção nova era muito considerável. Depois passou-se para a reabilitação. Com a evolução do mercado e com a queda acentuada das taxas de juro, as pessoas foram sendo incentivadas à compra de casa…

    O contexto monetário ajudava a isso…
    Sem dúvida, mas com isso veio também a ideia de que os problemas estavam resolvidos. Com as crises sucessivas a que temos estado sujeitos, percebeu-se que não, e os problemas agudizaram-se. A juntar a isso, Portugal tem a particularidade de ser muito atractivo em termos turísticos e de investimento estrangeiro. Isso é fantástico, é algo que queremos e precisamos. Todavia, esses factores determinaram o crescimento da população, não por via dos nascimentos mas sim pela pressão turística ou de imigrantes que chegam à Europa. E quero, desde logo sublinhar: nestas políticas adoptadas logo em 2018 houve um aspecto muito importante que foi o envolvimento dos 308 municípios no desenho das suas estratégias locais de habitação. O envolvimento das autarquias, o incentivo à tomada de medidas um pouco por todo o País, o envolvimento de todos no reconhecimento efectivo das suas necessidades em termos de habitação, fosse para aqueles que tinham mais necessidade e a que nós designamos de ‘situações indignas de habitação’, foi marcante. Foi um movimento extraordinário e todas foram chamadas a responder. E responderam, manifestando as suas necessidades consoante os levantamentos que fizeram. Claro que podemos sempre dizer que “não é suficiente”, mas as estratégias estão a ser revistas e ajustadas. Mas parece-me tremenda a resposta dada por todos na identificação das suas necessidades.


    Os municípios têm capacidade de resposta? A gentrificação nas cidades não incutiu uma outra pressão adicional às suas capacidades?

    A oferta de habitação é essencial para captar pessoas, para captar jovens, massa critica, mão de obra qualificada. É dramático os municípios terem ofertas para que grandes grupos económicos se estabeleçam e não terem oferta de habitação para poderem fixar, no seu território, habitantes. Isso verifica-se muito nos territórios do Interior, zonas com menor densidade populacional, que têm necessidade de captar pessoas. Os municípios estão cientes desta necessidade e estão empenhados em concretizar, no terreno, as suas estratégias locais para poderem melhorar e aumentar a oferta. Primeiro para responderem aos que estão em situações menos dignas, com habitações em mau estado ou que, simplesmente, não têm habitação. É para esses a resposta do ‘1º Direito’, sobre a qual desenharam as suas estratégias, assentes em construção nova, reabilitação de edificado existente, pela aquisição de património e respectiva requalificação ou mesmo pela aquisição para sub-arrendamento. Não há aqui uma resposta única. Todas estas estratégias têm um objectivo: responder de forma eficaz às necessidades mais específicas que foram sendo identificadas. Há um compromisso grande de todos os municípios para o cumprimento das suas estratégias, para atingirem os objectivos traçados e, em certa medida, ir além dessas metas. Repare: há objectivos traçados para serem cumpridos com o PRR, até 2026, mas esta política de habitação não pára aí. É para continuar. Está traçada e desenhada para continuar após 2026. Não podemos estar limitados por este horizonte temporal.

    Considerando que o PRR tem um horizonte definido e verbas para aplicar com ‘data de validade’, o que é expectável que aconteça depois?
    As estratégias locais de habitação e os acordos que se assinam no seguimento dessas estratégias têm um intervalo temporal para o seu cumprimento de seis anos. Basta fazermos as contas. Se assinar hoje um acordo com um município, terá vigência até 2029. Tem, por isso, de haver um compromisso para além do PRR e que passa, por exemplo, pela criação de linhas de financiamento – e já estão a ser pensadas – para além do PRR. Tudo está a ser desenvolvido. O limite de 2026 não é um limite temporal que ‘acabou ali’. Mesmo as revisões dessas estratégias levam-nos a estabelecer objectivos para além daquilo que foram os números apontados para o PRR. É muito mais que isso.

    “Código da Construção estará pronto até ao final da legislatura”

    “Respeitamos a análise do PR. Mas estamos convictos de que vamos atingir os nossos objectivos”

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    “Respeitamos a análise do PR. Mas estamos convictos de que vamos atingir os nossos objectivos”

    Em entrevista ao CONSTRUIR, a secretária de Estado da Habitação fala do percurso de décadas percorrido até chegarmos à crise na habitação como a conhecemos hoje mas aborda, essencialmente, o caminho que importa percorrer para inverter esse cenário

    Ricardo Batista

    Em entrevista ao CONSTRUIR, a secretária de Estado da Habitação fala do percurso de décadas percorrido até chegarmos à crise na habitação como a conhecemos hoje mas aborda, essencialmente, o caminho que importa percorrer para inverter esse cenário. Maria Fernanda Rodrigues ‘desconfia’ da ‘desconfiança’ dos promotores, apela ao envolvimento de todos na resposta à crise, enaltece o empenho das autarquias na definição das suas estratégias e lamenta que se procure, com insistência, “destruir ou, pelo menos, a não deixar implementar as medidas que foram traçadas”. Sobre o veto da Presidência da República, a governante respeita o entendimento de Marcelo, mas garante perseverança para atingir os objectivos traçados

    Não lhe pedindo, naturalmente, uma resposta directa ao Presidente da República mas pegando nas dúvidas que Marcelo levanta no texto do veto presidencial ao diploma, onde aponta que é um programa inexequível e que não vai garantir respostas com a rapidez necessária, como olha para esta leitura de Belém?
    O Presidente da República tem os instrumentos do veto à sua disposição, faz parte das suas funções. Faz as suas análises e nós respeitamos. Relativamente a este aspecto eu asseguro: trabalhamos todos os dias com muita perseverança e estamos convictos de que vamos atingir os nossos objectivos. Temos equipas, espalhadas pelo País, a trabalhar, seja a nível central, no IHRU, neste ministério, nas autarquias, que estão empenhadas em concretizar esses objectivos. Estou convencida de que tudo será feito, ao nosso alcance, para envolver todos os intervenientes de todos os sectores para respondermos às necessidades da população e para podermos proporcionar às pessoas habitações condignas, confortáveis, sustentáveis e com qualidade, seja quem necessita ou mesmo a classe média. Repare: há muito tempo que não se pensa nas necessidades da classe média porque sempre se pensou que a classe média tinha capacidade de compra. Actualmente, está a braços com inúmeras dificuldades.

    É expectável que, à conta ou não do veto presidencial, venham a ser introduzidas alterações ao programa?
    Há várias medidas que constam do programa que estão já no terreno, desde a questão da simplificação dos licenciamentos aos programas contínuos de apoio ao arrendamento, o Arrendar para Subarrendar, os apoios ao crédito…todos estes apoios já estão implementados. Agora, há outras medidas complementares como a redução da taxa de IRS sobre os arrendamentos, que passa de 28 para 25%, o incentivo aos contratos de longa duração, que consideramos essenciais, que ficarão a aguardar por outra oportunidade.

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    “Código da Construção estará pronto até ao final da legislatura”

    “O Sector tem de ter ferramentas e procedimentos que, sem diminuir a qualidade e a segurança e tendo em mente a sustentabilidade, agilizem o processo, levem o Sector à modernização, a aderir a novos processos de trabalho. Este Código da Construção vai ser essencial para dar a confiança necessária”

    Ricardo Batista

    Em entrevista ao CONSTRUIR, Fernanda Rodrigues reconhece a importância das medidas que têm sido trabalhadas em torno da simplificação de procedimentos e da digitalização do Sector. Entre as mais significativas, a secretária de Estado da Habitação destaca o tão aguardado Código da Construção, cujas primeiras linhas devem ser reveladas em Novembro, e que se espera que fique pronto até final da legislatura.

    “A Proposta de Lei 77, já promulgada pelo Presidente da República, vai permitir todo um trabalho que não é apenas a simplificação dos licenciamentos, é a simplificação dos procedimentos, a sua padronização”, assegura a governante, sublinhando que “tem de haver esta simplificação, que tem subjacente a digitalização do sector e tem, paralelamente, todo um trabalho de codificação de toda a legislação do sector, que vai terminar com a publicação do Código da Construção. Todo este trabalho está a ser feito”.

    Fernanda Rodrigues recorda que “são processos complexos, demorados, mas que estão já a ser executados. Isto é muito importante para o sector da construção. No fundo, o Sector tem de ter ferramentas e procedimentos que, sem diminuir a qualidade e a segurança e tendo em mente a sustentabilidade, agilizem o processo, levem o Sector à modernização, a aderir a novos processos de trabalho. Este Código da Construção vai ser essencial para dar a confiança necessária”.

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