Vendas de habitação recuperam após impacto da subida de juros
Apesar da quebra nos primeiros meses de 2023, as transacções de habitação mostraram-se resilientes ao longo do ano, com uma estabilização na ordem dos 33.000 fogos vendidos por trimestre. A resiliência do mercado é visível no desagravamento da variação homóloga do número de transacções, a qual passou de -20% no 1º trimestre para -9% no 4º trimestre de 2023, sugerindo que o grande impacto da subida dos juros foi absorvido no início do ano, revela a Confidencial Imobiliário
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De acordo com as projecções realizadas pela Confidencial Imobiliário a partir das transacções reportadas à base de dados SIR-Sistema de Informação Residencial, no 4º trimestre de 2023 terão sido vendidos 33.200 fogos em Portugal Continental. Este é, assim, o quarto trimestre consecutivo em que as vendas de habitação no país se situam em torno das 33.000 unidades, comportamento que inverte a tendência de quebra sinalizada no arranque do ano e sugere que o mercado está a recuperar do choque da subida das taxas de juro.
O 1º trimestre de 2023 ainda deu continuidade ao ciclo de fortes quebras trimestrais iniciado em meados de 2022, quando as taxas de juro retomaram a trajetória de subida após anos em terreno negativo. Nesse período inicial do ano, as transações recuaram 9% para cerca de 33.000 fogos vendidos, um mínimo de dois anos. Uma vez feito esse ajuste, o decurso de 2023 acabou por consagrar uma estabilização dos níveis de procura, com o 2º trimestre a sustentar os padrões de transação do período anterior e a segunda metade do ano a evidenciar até um comportamento positivo. Mesmo que com oscilações residuais de +1%, o 3º e 4º trimestres de 2023 deram já sinais de evolução positiva, consolidando a tendência de recuperação nas transações após o impacto inicial das subidas de juros. Esta recuperação é especialmente evidente no desagravamento da variação homóloga do número de operações.
Em resultado do efeito da estabilização das transacções ao longo do ano, este indicador passou de -20% no 1º trimestre para -9% no 4º trimestre.
De acordo com Ricardo Guimarães, director da Confidencial Imobiliário, “o choque do aumento das taxas de juro terá sido mais visível até aos primeiros meses de 2023, retirando do mercado a fatia da procura mais dependente do recurso ao crédito para a aquisição de casa. Com o aumento das taxas, degradou-se o acesso à habitação por essa franja de potenciais compradores, assim reduzindo-se o número de operações de venda. No restante período de 2023, o mercado acabou por normalizar face às novas condições de acesso”.
Na sua perspectiva, “o comportamento mais favorável dos juros nos últimos meses do ano – com os primeiros sinais de tréguas em novembro e o que parece ser uma consolidação do abrandamento das subidas já este ano – deverá ter um efeito mais visível sobre a dinâmica de vendas apenas em 2024, pese embora poder ter já tido algum impacto positivo a nível da confiança do mercado”.
No cômputo do ano de 2023 estima-se a concretização de cerca de 131.700 vendas residenciais em Portugal Continental, das quais 88% são geradas em habitação usada e os restantes 12% em habitação nova. Sem prejuízo da trajetória de estabilização do mercado no decurso do ano, o volume anual agregado de 2023 fica 17% abaixo do registado em 2022.