Habitação de luxo em plena Baixa
No projecto residencial Paço do Duque, a promotora imobiliária Temple contou com um projecto de recuperação elaborado pelo gabinete de arquitectos José Soalheiro, Teresa Castro e com João Appleton para o projecto estrutural. Situado na Baixa lisboeta, ao lado do Teatro de São Luís, este empreendimento é composto por 38 apartamentos e 10 lojas, sendo… Continue reading Habitação de luxo em plena Baixa
Marisa Oliveira
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No projecto residencial Paço do Duque, a promotora imobiliária Temple contou com um projecto de recuperação elaborado pelo gabinete de arquitectos José Soalheiro, Teresa Castro e com João Appleton para o projecto estrutural. Situado na Baixa lisboeta, ao lado do Teatro de São Luís, este empreendimento é composto por 38 apartamentos e 10 lojas, sendo que as suas tipologias variam entre os T1 e os T6 e todos eles dispõem de estacionamento.Na componente de recuperação, as "velhas e nobres paredes" foram mantidas tendo mais de um metro de espessura, as divisões são favorecidas com um pé-direito de quatro metros e as salas são decoradas com estuques trabalhados.
A história do local é destacada pelos promotores que em toda a sua apresentação realçam os acontecimentos por que o Paço do Duque passou. Este edifício nasceu no século XIV e recebeu muita da realeza portuguesa durante os seus séculos de existência.
"Negociámos a aquisição do edifício e o projecto nasceu muito com base nesta componente histórica. Ao início era mais um edifício, mas achámos que tinha todo o interesse recuperá-lo e às suas partes mais sonantes. As fachadas foram todas cuidadosamente recuperadas e as componentes arquitectónicas de maior relevo foram todas renovadas. Devido à sua história, achámos que estes marcos são para ficar", explica ao Construir, Vasco Pereira Coutinho Filho, responsável pelo imobiliário nacional da Temple.
A actualidade e inovação foram implementadas neste projecto a nível estrutural, referiu o director de produção da Temple, Pedro Quintanilha. "Para reservar alguns salões, algumas partes do edifício que mereciam ser reabilitadas, tivemos que estudar soluções construtivas e diferentes métodos construtivos para que esses elementos fossem integrados no novo edifício", explicou.
"Uma obra destas não é uma obra fácil de fazer. Pela dimensão da rua ou pelas condicionantes dos edifícios à volta", salientou Pereira Coutinho Filho relativamente ao processo de reabilitação do empreendimento, que quer pela preservação ou pelas dificuldades dos acessos, se revelou num projecto moroso, implicando um custo de construção de 1200 euros por metro quadrado.
Exigências estruturais
Esta "é uma obra, que aparentemente pode parecer simples em alguns pontos", afirma Pedro Quintanilha, no entanto, foi condicionado a vários níveis, por exemplo ao nível de ruído, visto que não foram autorizados a trabalhar fora do horário normal por se encontrar no meio das habitações. "A capacidade de betonagem de uma laje, que normalmente é feita num dia, naquele edifício demorava três dias. Porque as camionetas de nove metros cúbicos não entram na rua, portanto têm que ser de seis. Cada vez que entra uma camioneta leva menos um terço da quantidade de betão, e como só podem ir das nove às seis e as bombas não têm mais capacidade, os seus timings acabam por ser muito diferentes de um projecto normal. O que implica um cuidado diferente".
O projecto sofreu várias adaptações ao longo do tempo, pelas condicionantes já mencionadas e pelas fundações dos prédios envolventes, no entanto, os responsáveis afirmam que todas elas foram perfeitamente ultrapassáveis com as adaptações realizadas.
"As paredes do edifício ‘A' que é um bloco novo, têm as últimas tecnologias de isolamento". No entanto, o edifício existente tem outras características, para isso foi feito um esforço, "embora as paredes tenham 1metro/1metro e 20 centímetros de espessura, têm poliestireno expandido projectado e uma lâmina de betão de cinco centímetros, logo a parede que tem 1 metro e vinte centímetros, passa a ter 1 metro e trinta e cinco centímetros. Para que em termos de comportamento acústico, térmico e estrutural", seja correcto, refere o director de produção. "Eu acho que este é o único edifício, se houver um tremor de terra no Chiado, que fica em pé", salienta. A legislação anti-sísmica para Lisboa, foi tida em consideração no decorrer do projecto, o que teve uma grande influência no custo da obra. "Foi imposição da Câmara Municipal de Lisboa manter caixilhos em madeira, logo nós temos caixilhos em madeira", acrescenta, madeira esta que pesa uma tonelada por metro cúbico.
Relativamente à escolha do arquitecto para este projecto, Vasco Pereira Coutinho Filho informa que a Temple tem vários arquitectos a trabalhar consigo em vários projectos. "Normalmente adaptamos o arquitecto ao projecto que pretendemos desenvolver, e acho que o arquitecto com quem trabalhámos neste projecto, é um arquitecto que tem uma componente em reabilitação bastante forte. Dada à importância que este edifício tem e à sensibilidade que se apresenta procurámos um arquitecto que realmente se adaptava". Afirmou o representante da Temple relativamente à escolha do gabinete.
A2P é o gabinete de João Appleton, e o responsável pelo projecto de estruturas, aquele que se revelou o mais difícil neste processo. "A especialidade mais complicada neste projecto são as estruturas, e dado o nível de intervenção que se iria fazer, tanto o engenheiro como a empresa foram uma escolha mais do que óbvia. É um dos melhores nomes portugueses ao nível da reabilitação de edifícios", exaltou Pedro Quintanilha.
"Na minha opinião o futuro de Lisboa passa um pouco pela reabilitação, temos edifícios espectaculares, lindos, no centro da cidade e acho uma pena não os reabilitarmos", explica o responsável pela parte imobiliária da Temple, no que toca ao futuro da reabilitação em Portugal. "O único senão é o estacionamento, porque hoje em dia muito dificilmente as pessoas compram casa sem estacionamento. Se houver uma solução a esse nível e um facilitar da construção ao nível de estacionamentos, eu acho que este é o futuro de Lisboa", acrescenta.
Especulação complica
As maiores dificuldades na aquisição de imóveis para reabilitar encontram-se na especulação e na expectativa do proprietário, "que muitas vezes não é real", explica o mesmo responsável. "Muitas vezes o proprietário não tem sensibilidade relativamente ao potencial do edifício", que na realidade acabam por ter uma área construtiva menor à que este espera.
Sendo que a obra estará concluída no final deste ano, as vendas do Paço do Duque "têm corrido bem", uma vez que 80% dos imóveis estão vendidos.
Em carteira, esta promotora tem um projecto de reabilitação na Rua da Emenda, uma obra que está a ser iniciada no momento. Na construção nova têm "variadíssimos" projectos, representando um milhão de metros quadrados em Lisboa. Fora da capital, a Temple está a construir no Algarve, no Alentejo, no Porto, no Brasil e em Angola. "Investimentos essencialmente em imobiliário. Quem dita se é em habitação, se é em escritórios é a exigência do mercado", explicou Pereira Coutinho Filho. Do seu ponto de vista o mercado imobiliário está "um pouco estagnado", no entanto, o segmento onde a promotora se coloca acaba por não ser tão afectado.