Molhe Norte da Barra do Douro vale Prémio Secil a Silveira Ramos
“É um prazer e uma honra muito grande, dado que, hoje em dia, o Prémio Secil de Engenharia, é uma espécie de Nobel da engenharia nacional.”

Pedro Cristino
Pestana Residences reforça aposta no Algarve com novo projecto residencial
Leca Portugal conclui transição para uso de biomassa
Ordem dos Engenheiros analisa “apagão” eléctrico que afectou Península Ibérica
Exponor recebe EMAF de 27 a 30 de Maio
Kronos Homes inicia comercialização das branded residences da Marriott no Salgados Resort
Apirac recorda importância da “literacia energética” para reduzir consumos
Nova Placa GYPCORK Protect
Carmo Wood reorganiza-se em duas áreas de negócio
King Street investe 400 milhões de euros na Room00
Que contributo nos trazem as nossas elites?
“É um prazer e uma honra muito grande, dado que, hoje em dia, o Prémio Secil de Engenharia, é uma espécie de Nobel da engenharia nacional.” Foi assim que Fernando Silveira Ramos descreveu ao Construir o que significa, para si, ter alcançado este galardão, que distingue o seu trabalho na obra do Molhe Norte da Barra do Douro, uma estrutura construída na margem norte da embocadura do rio Douro, para resistir à acção directa das ondas de tempestade e das correntes das grandes cheias. Esta estrutura tem incorporados mais de 65 mil metros cúbicos de betão e 2.500 toneladas de aço.
Defender a solução
Esta obra resultou de um extenso “trabalho colectivo”, concretizado por uma “equipa técnica de projecto e de consultoria coesa e multidisciplinar”. Nesta obra recorreu-se a várias especialidades, destacando o engenheiro “as especialidades de estruturas, de hidráulica, de sedimentologia e também importantes componentes na parte de engenharia do ambiente”. Por outro lado, Silveira Ramos salienta também “uma colaboração muito importante, feita numa equipa que integra arquitectura”. Esta área ficou a cargo do arquitecto Carlos Prata. “Nós desenvolvemos o projecto de concepção do Molhe Norte”, esclareceu o gerente da Consulmar, que assume a autoria do projecto, considerando-se “uma peça importante, não só na solução, como na defesa da mesma”, sem deixar, contudo, de referir o trabalho de muitos profissionais das mais diversas disciplinas. Esta obra “foi muito escrutinada na sociedade civil” e, daí, surge a importância da defesa desta solução por parte do seu principal autor. Silveira Ramos considera positivas as discussões e sessões de debate sobre esta solução, na medida em que “introduziram melhorias na obra, porque obrigaram a equipa deprojecto a pormenorizar, a encarar alternativas” e também porque obrigou a que este projecto “fosse muito pensado para ultrapassar a contestação”. O especialista em engenharia costeira e portuária considera-se grato, uma vez que “é a primeira vez que uma obra marítima recebe o Prémio Secil”.
Um consórcio de valor
O Molhe Norte da Barra do Douro integra-se num conjunto de obras na embocadura do estuário, “cuja coerência e comportamento hidráulico e sedimentar são determinantes para o seu êxito”, refere a nota de imprensa da Secil. Tendo como dono de obra o Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos, a concepção geral das intervenções na barra do Douro esteve a cargo de um consórcio projectista liderado por Silveira Ramos, ficando o desenvolvimento do projecto a cargo da Consulmar. A construção da obra coube à Somague Engenharia e aos Irmãos Cavaco, enquanto que a fiscalização foi realizada pela DHV-Tecnopor e DHV-Fbo. Os objectivos primordiais da intervenção residiam na melhoria das condições de segurança no canal da Barra, na protecção das zonas marginais da Cantareira e do Passeio Alegre, e da acção destrutiva das ondas e das correntes, e ainda facilitar a auto-limpeza do canal, através da diminuição do esforço das dragagens de manutenção.
Meio quilómetro de infra-estrutura
Para a concretização desta obra, recorreu-se à utilização de vários tipos de peças de betão armado, aduelas e caixotões, pré-fabricados, salientando-se a execução por deslize, em doca flutuante, no interior do Porto de Leixões, de 16 caixotões de grandes dimensões. O transporte foi feito unidade a unidade, em flutuação, durante cerca de cinco quilómetros em mar aberto, após o qual, os caixotões foram afundados sobre uma base regularizada por mergulhadores. Formou-se, desta forma, a infra-estrutura que acabou por atingir cerca de meio quilómetro de comprimento. O reforço e conclusão desta estrutura foi depois feita no local, com uma “super-estrutura” em betão, que no seu interior continha moldada uma galeria técnica, situada “imediatamente abaixo do coroamento do Molhe, que garante o acesso ao farol, “mesmo em condições de mau tempo”. Com esta solução, criaram-se dois circuitos pedonais, ligando a cabeça do novo Molhe ao Passeio Alegre. Um dos circuitos, situado no nível superior da estrutura, só é utilizável em condições de bom tempo, enquanto que o outro, no nível inferior, continha uma galeria técnica dotada de vigias sobre o canal de entrada, utilizável em más condições de mar. Estes circuitos interligam-se, numa extremidade pelo interior do Farol, e, na outra extremidade, pelo enraizamento do Molhe. O júri do prémio considerou as soluções “muito criativas e inovadoras em todas as frentes de desenvolvimento do projecto, traduzidas nos conceitos e nos pormenores, na tecnologia, na integração urbana e na sustentabilidade ambiental”.