AYH quer levar a democratização da arquitectura a outros mercados
Surgiu em resposta a uma crise, cresceu em tempos de dinamismo imobiliário, quase que parou na pandemia e agora está prestes a expandir para outros mercados. Depois da aquisição da casa mãe da marca em 2023, Mariana Morgado Pedroso, CEO da AYH quer exportar o modelo para outros mercados europeus, a começar por Espanha e França

Manuela Sousa Guerreiro
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Os últimos 13 anos da Architect Your Home (AYH) têm sido, sobretudo, de crescimento e de (muito) trabalho. Hoje a marca soma mais de 600 projectos no mercado nacional e conta com uma rede de cerca de 30 arquitectos.
A marca originária do Reino Unido veio para Portugal com Mariana Morgado Pedroso em 2012. Os anos de crise económica e financeira foram particularmente duros para o sector AEC e o modelo da, então inglesa, Architect Your Home, assentava como uma luva em Mariana Morgado Pedroso. “Gostei muito do conceito, achei que era inovador. Permitia-me ter uma marca que chegava ao grande público de uma forma democrática, acessível. No fundo, permitia-me ter uma plataforma para a angariação de clientes e gestão de projectos de uma maneira muito anglo-saxónica, organizada, que eu gosto muito”, conta a arquitectura e CEO da AYH ao CONSTRUIR.
O que começou com um projecto foi crescendo e hoje já ultrapassou a marca dos 600 projectos no mercado nacional. “O conceito não tem nada a ver com a época em que surgiu. Vale por si mesmo. Hoje, temos mais de 30 arquitectos, mais de 9 milhões de facturação, estamos presentes em Portugal com escritórios no Porto, em Lisboa e no Algarve, estamos no Reino Unido com escritório em Londres. Temos projectos em três continentes, sete países. Só em Portugal mais de 600 projectos já desenvolvidos”, enumera a responsável.
A metodologia é simples e não podia ser mais “democrática”, no sentido de ver a arquitectura como um “serviço”. “O cliente vai ao nosso site, onde temos um menu e lá selecciona os itens que precisa. O que significa que pode usar o arquitecto tanto quanto precisar. E então, isso democratiza muito o acesso ao arquitecto. Para o cliente particular sobretudo, porque o cliente mais profissional, no B2B, não tem essa necessidade, porque são clientes que sabem precisamente o que é que precisam e, por norma, é o pacote completo”, explica Mariana Morgado Pedroso.
“A grande diferença, do meu ponto de vista, para um gabinete tradicional, tem a ver com a metodologia. Se formos ver o nosso portfólio, existe um traço para cada um dos arquitectos que trabalha na nossa equipa. O que proclamamos sempre é que o projecto tem de ser adaptado ao local e é pensado em função do programa que é pedido. Se for um promotor, estamos a pensar em quê? Valorização da envolvente, fachadas apelativas e uma planta que seja uma boa planta comercialmente, uma planta apelativa com bons quartos, uma cozinha bem desenhada, etc. Estamos a olhar para a área comercial, como é que se desenha bem um projecto de empreendimento residencial ou o que for. Se for equipamento, aí às vezes há mais liberdade criativa. Trabalhamos muito equipamentos, já fizemos picadeiros, estamos agora a fazer o Museu da Independência da História de Portugal, no Palácio da Independência, fizemos o Palácio de Queluz onde houve uma ligação mais ao traço arquitectónico, ao desenho. Mas a metodologia é sempre a mesma”, consubstancia a arquitecta.
A equipa do AYH inclui tanto uma rede de arquitectos que trabalha de uma forma exclusiva para a marca, como arquitectos associados, com gabinetes com nome próprio. “Acabamos por usar este networking para criar um clube exclusivo de arquitectos, onde partilharmos os mesmos ideais, a mesma forma de trabalhar.
Do management buyout à expansão para a Europa
Em 2023 a Architect Your Home Portugal (AYH) comprou o Architect Your Home UK, a casa-mãe. Em operação estão hoje as duas operações, em Portugal e no Reino Unido, onde a marca nasceu em 2003, mas Mariana Morgado Pedroso tem planos para expandir a marca para vários países europeus, a começar pela vizinha Espanha, mas também para França.
“Tinha muita vontade de crescer com a empresa, [à data da aquisição] também detínhamos os direitos do mercado espanhol. Já estava a pensar na internacionalização há algum tempo e de repente percebi que havia ali uma oportunidade e propus-me a ficar com a marca e a comprar a empresa, então ficámos com a empresa em Inglaterra, estivemos a gerir a operação de Inglaterra o ano todo de 2023, em 2024 arranjei uma equipa lá para tomar conta da operação, voltei a ficar mais focada outra vez em Portugal e onde temos uma equipa inteira para gerir a expansão, agora para outros países: Espanha e França, devido à proximidade geográfica e cultural, mas de uma forma mais ampla para a Europa”, avança a CEO da AYH.
Mercados distintos podem levar a actuações diferentes, à semelhança do que acontece em Portugal e o UK, “o que não difere é o que os clientes querem, e por isso acho que este é um sistema que pode ter muito sucesso em qualquer país. Quando trouxemos o AYH para o mercado português adaptámo-lo à realidade nacional e também perceber que o poder económico de um país e do outro não é igual”.